domingo, 21 de agosto de 2011

SOBRE AS CRECHES E CEIS


1-  UM POUCO DE HISTÓRIA
Em um dado momento da nossa história, as mulheres passam a serem requisitadas para o mercado de trabalho; mão de obra mais pacífica, mais submissa e principalmente mais barata, as mulheres passam a ser uma opção interessante, mas tinham um grave problema: tinham filhos.

Durante muito tempo pariram, amamentaram e viram seus filhos trabalharem e morrerem nas máquinas das fabricas. Da luta por melhores condições de vida e de trabalho surgem as creches.

AS CRECHES passam a ser um direito da mãe trabalhadora. Um lugar pobre para crianças pobres, onde o único objetivo era o de alimentar, higienizar e tomar conta dos filhos enquanto suas mães trabalhavam.
Para esse trabalho não se exigia nenhum tipo de formação bastava gostar de crianças.

Assim, as creches se mantêm durante muito tempo numa proposta assistencialista e compensatória.

Nos anos setenta, as mudanças na sociedade, o número cada vez maior de mulheres no mercado de trabalho e as importantes descobertas da neuro ciência sobre o cérebro humano e sobre como as crianças aprendem e se desenvolvem, vem alterar significativamente os rumos da educação como um todo, principalmente sobre a primeira infância e a educação infantil.

Estas novas verdades, esses novos olhares, vêm modificar nossa forma de compreender a criança e sua primeira infância e são hoje norteadores importantes para na elaboração das novas propostas de trabalho para a educação infantil.


2- NOVAS VERDADES - NOVOS OLHARES - NOVAS PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Recentemente, a primeira infância foi reconhecida pela Neurociência como o mais importante período de desenvolvimento de um ser humano.

A educação infantil passa a ser reconhecida como um direito da criança, através de documentos legais como:

·        Constituição federal de 1988

·        Estatuto da criança e do adolescente – 1990

·        Lei de Diretrizes e bases da Educação – lei nº. -9394 de 1996.


3-EDUCAÇÃO INFANTIL

“DIREITO DA CRIANÇA E DEVER DO ESTADO”

Agora, os CEIs (Centros de Educação Infantil),como passam a ser chamados, são vistos como um importante espaço educativo  e tem por responsabilidade o desenvolvimento pleno e integral das crianças  de 0 a 6 anos;

Para tanto, exige-se agora formação e conhecimento dos profissionais para o trabalho com as crianças; Profissionais que estejam preparados para promover uma educação que desenvolva os aspectos físicos, cognitivos, afetivos e sociais através do cuidar e do educar.


Cuidar educando e educar cuidando
Para o conhecimento
Para a liberdade e para a cidadania
Para a autonomia e o bem estar,
Para a tolerância e a afetividade,
Para a solidariedade e o respeito a si mesmo e ao outro


Sabemos que muito ainda há que se fazer para garantir que este direito seja respeitado para todas as crianças, mas sabemos também, que há um outro grande desafio a ser vencido, que é o de se superar a proposta assistencialista das creches que durante tanto tempo foram vistas  apenas como um lugar para alimentar , dar banho e tomar conta dos filhos das mães trabalhadoras e hoje tenta ser reconhecida como um espaço educativo que promova o desenvolvimento pleno da crianças na primeira infância

4. OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

As instituições de Educação Infantil cumprem, hoje, mais do que nunca, um objetivo primordial na formação de crianças que estejam aptas a viver em uma sociedade plural, democrática e em constante mudança.

O fato de as crianças freqüentarem cada vez mais creches e pré-escolas, coloca para educação infantil muitas questões desafiantes. Uma delas, diz respeito a como intervir com intencionalidade educativa de modo eficiente visando a possibilitar uma aprendizagem significativa e favorecer um desenvolvimento pleno de forma a torná-las cidadãs numa sociedade democrática. Conhecer cada vez melhor as crianças é parte integrante desse desafio.

Nas ultimas três décadas, principalmente, o espaço social para infância foi se alargando e a criança passou a ser valorizada em vários âmbitos da sociedade. Passou-se a estudá-la em profundidade na psicologia, na pedagogia, na antropologia, na sociologia, etc., havendo uma especialização das pesquisas em relação às suas capacidades cognitivas, afetivas e sociais.

A partir dessas pesquisas e da participação cada vez mais ativa das crianças em todas as instancias da sociedade, especialmente da vida e da indústria cultural, elas passaram a ser consideradas como seres humanos, sujeitos sociais situados historicamente.

As crianças não  mais são vistas como seres incompletos e passivos, a serem guardados e assistidos em instituições assistenciais. Merecem ser respeitadas como pessoas inteiras, seres em desenvolvimento que estão habilitadas para interagir com seu meio social e que são extremamente desejosas de aprender.

As instituições de Educação Infantil cumprem importante função para as próprias crianças e não apenas possuem uma existência justificada pelos serviços que prestam às famílias numa perspectiva assistencial. Não devem ser compreendidas também como um estágio apenas preparatório para o ensino fundamental, centradas na antecipação de conteúdos escolares.

As creches e pré-escolas devem ter por objetivos a educação e os cuidados básicos para o desenvolvimento das crianças, fornecendo-lhes os meios de desenvolver suas capacidades fundamentais, ampliando-lhes as possibilidades de acesso ao patrimônio cultural da sociedade em que vivem.

As instituições de Educação Infantil têm, assim, a função de possibilitar a todas as crianças, sem discriminação de raça, credo, gênero, assim como aquelas portadoras de necessidades especiais, uma vida coletiva social diferente e complementar ao contexto familiar, assegurando experiências em um novo meio baseado em relações estáveis e afetivas com adultos e outras crianças.

Isso significa que as instituições de Educação Infantil estão comprometidas simultaneamente com o desenvolvimento individual e pleno de cada criança e cada profissional assim como tem a responsabilidade educacional como o contexto social e cultural na qual elas estão inseridas.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

POR FALAR EM ALIMENTAÇÂO...

É tempo de alimentar idéias, nutrir-se nas reflexões e fortalecer princípios

Nossos momentos de alimentação, muitas vezes, são horários de “rush” em nossas unidades, ainda considerados como instantes de intervalo entre as atividades.
No entanto, estes podem ser preciosos momentos de aprendizagem, convivência e interações, se planejados e organizados com intencionalidade e propósito pelos educadores.

Alimentar-se é muito mais do que pôr o alimento para dentro do corpo. Na verdade, os momentos de alimentação são encontros sociais repletos de significados culturais e de interações.
São, assim,  ricos instantes de educação e cuidados.

É através do ato de comer que construímos a nossa identidade alimentar e cultural.
Cultura alimentar, é o resultado de um longo processo de aprendizagens, que se inicia antes mesmo do nascimento e se consolida no contexto familiar e escolar.
A primeira experiência da criança com o sabor dos alimentos é ainda em vida intra-uterina, quando ela sente o gosto dos alimentos que a mãe ingere, através do líquido amniótico. A partir destas experiências antes mesmo de nascer, ela começa a ser inserida na cultura alimentar do mundo em que vive.

Comida não é apenas uma substância alimentar, é
também um modo, um estilo e um jeito de
alimentar-se e o jeito de comer define não só aquilo
que é ingerido, como também aquele que o ingere. (Roberto Damatta)

A família é a primeira instituição que tem ação sobre os hábitos do indivíduo. É responsável pela compra e preparo dos alimentos em  casa, transmitindo seus hábitos alimentares às crianças.
No entanto, é na escola que as possibilidades de vivências sociais de alimentação se alargam, oportunizando novas experiências para as crianças na interação com o outro.
A forma como eu me comporto num pic-nic é diferente da maneira como eu me comporto num jantar.
As diferentes formas de se comportar nas diferentes situações de alimentação, são convenções culturais e sociais aprendidas pelas vivências oportunizadas

A refeição é um ato cerimonial, por isso quando provemos um alimento a alguém estamos dando ao alimento uma dimensão maior do que o fornecimento de um “pacote de nutrientes”.
“Não sentamos a mesa para comer, mas para comer juntos”. (Plutarco)

 Muitos aspectos que influenciam a formação dos hábitos e preferências alimentares.
·        Fatores internos: fatores fisiológicos e emocionais da alimentação (idade, sexo, saúde, atividades profissionais e físicas que determinas os hábitos alimentares das pessoas)
·      Fatores externos: (culturais, regionais, religiosos, o acesso, condição sócio-econômica, forma de preparo dos alimentos, características da sociedade atual, influência dos meios de comunicação, saber técnico, modismos alimentares )

A criança aprende a falar, falando
a andar, andando
e a comer, comendo.

Como temos aprendido a comer?
Como as crianças têm aprendido a comer?
Como construímos nossos hábitos de alimentação?
Quais os fatores que contribuem para definir nossas preferências alimentares?
Como têm sido os instantes de alimentação que temos garantido às nossas crianças?


A educação tem por objetivo acessibilizar à todos os conhecimentos historicamente construídos.
Quando conseguimos compreender que todas as ações dos indivíduos são construídas numa rede cultural de significados, fica mais fácil compreender que as situações de alimentação, antes de somente um instante para comer, são momentos repletos de saberes e significados a serem partilhados e aprendidos.


Material institucional de suporte e consulta:
Prefeitura do Município de São Paulo
Secretaria Municipal de Educação
Departamento da Merenda Escolar
“Encontro para a discussão da implantação do Projeto Self Service -
Unidades com Serviço de Gestão Terceirizada”


Sentir, vivenciar, experimentar para aprender

 Organizamos uma experiência vivenciada para o grupo buscando sensibilizar -los quanto a essas questões.

A experiência partilhada permitiu a todos compreender melhor os momentos de alimentação como instantes de conviver, aprender com o outro, experimentar novos sabores e vivenciar novas experiências. 
Momentos de cuidar e de se sentir cuidado.


Assista o vídeo registro desse encontro